Cemitério

-E a tua mãe tem razão - disse fazendo uma careta ao ver o sítio onde nos tinha deixado - que mau presságio - disse arrepiando-me todo. Mas logo tentei mudar de pensamentos olhando em volta para procurar umas placas onde nos dissesse onde era o centro da ilha - é, mas não passa de hoje, só precisamos de andar e perguntar onde é que podemos arranjar um avião para nos atirarmos de lá - ri-me agarrando-lhe na mão, puxando-a - anda.

- As mães têm sempre razão não é? - perguntei retoricamente, olhando em volta com uma careta assim que me apercebi do sítio de onde estávamosl- que bela escolha. - ironizei com uma gargalhada, mas logo fiquei mais séria quando me apercebi de que ele tinha levado o meu pedido a sério.- mas.. - arregalei os olhos.- não temos de fazer isto. - murmurei, sem parar de andr ao seu lado.

-Principalmente a minha - disse com um breve sorriso saindo da zona do cemitério o mais rápido que consegui. Olhei-a quando começou a aperceber-se que tinha levado a sério o que ela tinha dito e fiz um sorriso travesso - estás a começar a acobardar-te anjo? - perguntei - tu tens asas, consegues voar, não te preocupes que sobrevives - ri-me. Felizmente nós tínhamos passado pelo centro da cidade perto que eu já estava a começar a ver movimento.

Semicerrei-lhe os olhos quando vi o seu sorrisinho e abanei a cabeça, dando-lhe mais um encontrão.
- Eu não tenho medo de nada.- disse, tentando parecer corajosa. Sorri quando disse que tinha asas e olhei em volta para a cidade. Itália podia ser muito bonita, mas aquela ilha não lhe ficava nada atrás.- axho que as deixei em casa. - brinquei.

Agarrei-me rapidamente a ela quando ela me deu um encontrão, antes que eu caísse para o meio do mato e ri-me do que ela disse.
-És uma mulher em peras - brinquei - não tens medo de cobras nem de aranhas? - perguntei com o mesmo sorriso de sempre. Larguei uma gargalhada quando disse que tinha deixado as asas em casa e abanei a cabeça - não te preocupes - disse-lhe - tens-me a mim- brinquei.

Arregalei ligeiramente os olhos quando o senti agarrar-se a mim logo após lhe ter dado um encontrão e temi tê-lo feito com força demais. Agarrei o seu corpo, assegurando-me de que ele não caía e dirigi-lhe um leve sorriso, como que a pedir-lhe desculpas. Olhei em volta, sentindo uma leve brisa trespassar pelos nossos corpos e depois voltei a olhá-lo, rindo-me.
- Não. - elevei o meu queixo.- eu não tenho medo de nada. - se bem que as cobras e aranhas não eram o meu forte, de todo, mas eu podia continuar a fingir que sim. Levantei as sobrancelhas com um sorriso assim que ele disse que o tinha a ele e deixei-me ir encostada ao seu corpo.- além da minha companhia também vais ser as minhas asas? - perguntei num tom brincalhão.- quão versátil.

Apenas sorri quando percebi que tinha ficado preocupada e deixei que ela estivesse agarrada a mim e eu a ela. Desviei o olhar da cidade para ela rindo-me quando elevou o queixo e tudo - então ainda bem, porque eu vou mesmo encontrar alguma coisa para tu saltares, se não for de um avião é de outra coisa - encolhi os ombros - vou - mexi as sobrancelhas sorrindo logo de seguida e fui aproximando-me de um senhor que estava encostado à parede. - Desculpe, boa tarde pode-me dizer onde é que é o aeródromo ? - perguntei simpaticamente.

Sinceramente, começava a duvidar se tinha sido boa ideia dizer-lhe aquilo, ele parecia mesmo decidido, e isso começava a assustar-me. Assenti meio a medo, começando a ponderar sobre quais seriam as suas opções, que não um avião e só despertei dos meus pensamentos quando ouvi a sua voz e percebi que falava com outra pessoa que não eu. Desviei o olhar, dirigindo um leve sorriso ao senhor e este desencostou-se da parede para nos começar a dar indicações.
- Seguem sempre em frente, ainda é um bocadinho longe, mas fica na primeira à direita depois da rotunda. - mordisquei o meu lábio enquanto olhava na direcção em que o homem apontava e voltei a olhar para King depois.
- A sério, nós não temos mesmo de fazer isto. - repeti.

Abanei a cabeça afirmativamente depois de ouvir as indicações e olhei para a cidade tentando visualizar o que ele me tinha dito.
-Obrigado - agradeci com um sorriso afastando-me do senhor e fui andando sempre em frente como ele me tinha dito. Olhei Sally quando voltou a dizer que não era preciso e juntei as sobrancelhas - tu disseste que era o que querias fazer - disse- eu não estava a brincar quando perguntei. - uma coisa má de ser como era, era que muitas vezes as pessoas facilmente se enganavam quando estava a brincar ou não.

Agradeci também ao homem, num tom mais baixo do que o que de King e depois retomei a caminhada ao seu lado, ficando em silêncio enquanto o ouvia. Ele estava mesmo decidido.
- Sim, eu já percebi que estás a falar a sério. - disse com os olhos ligeiramente arregalados.- ainda consegues ser mais maluco do que eu. - abanei a cabeça, mas logo sorri, esticando-me até lhe beijar a bochecha.- obrigada.

Ri-me quando a vi de olhos arregalados e encolhi os ombros.
- Eu sei, mas já disse porquê - fiz um gesto como se estivesse a ver um letreiro a passar à minha frente - Vive como se estivesses a morrer -sorri-lhe olhando-a quando me deu um beijo na bochecha - não tens que agradecer, só tens que saltar comigo - disse ainda com o mesmo sorriso dando-lhe também um beijo na bochecha puxando-a para andarmos mais rápido.

- Eu sei. - disse.- e eu gosto desse lema, só não pensei que levasses o que eu disse mesmo a sério. - encolhi ligeiramente os ombros, ms logo sorri com o que ele disse depois.- está bem, eu salto contigo kingzinho. - tentei acompanhar o seu passo e ri-me baixinho quando me lembrei dos meus irmãos.- a Mia vai delirar quando eu lhe contar.

-Primeira regra de como conhecer o Raymond Johnson King, sim isto foi só uma maneira de te dizer o meu nome - ri-me - é que eu levo tudo o que dizem a sério - disse-lhe, é claro que sabia quando uma pessoa brincava, mas ela tinha parecido sincera, e eu ia mesmo ajuda-la com isso. - Ela é aventureira como tu? - perguntei. Cortei na cortada que o senhor tinha dito e consegui ver ao fundo, perto da praia da falésia, segundo o nome na placa, o aeródromo. Apressei-me a lá chegar e quando o fiz os meus olhos reviraram-se automaticamente, para quem queria saltar já não havia a esta hora. - Estamos com azar. - disse meio desanimado.

Levantei as sobrancelhas assim que ele disse o seu nome todo, mas logo me ri, acho que na companhia dele, eu não conseguia fazer outra coisa.
- Rayzinho.- brinquei, soltando uma gargalhada e quando. Prguntou. Se a minha irmã era uma aventureira como eu, assenti com um sorriso.- só tem seis anos, mas se fosse por ela, já tinha percorrido meio mundo. - ri-me baixinho e ao ver o aerodromo ao longe, apressei o passo. Parei junto da entrda assim que lá chegámos e ao perceber que tínhaos chegado tarde, foi inevitável não soltar um suspiro.- não faz mal, podemos voltar noutro dia. - disse, mas depois lembrei-me que não sabia se ia voltar a estar assim com ele.- ou então não voltamos, não tem problema. - assegurei. Eu gostava, mas se não dava, só tinha de perceber isso.