Quarto da Sally Hastings

Relembrando a primeira mensagem :

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- Não, tu és um irmão galo Rayzinho.- brinquei, com um sorriso e voltei a semicerrar-lhe os olhos quando falou da minha irmã.- é bom que tomes, ou então vais ter de ver comigo.- apontei-lhe um dedo, vendo os seus olhos quase a fecharem.- queres descansar um bocadinho? - perguntei- deves estar cansado.- murmurei, sentindo-me ligeiramente culpada por o ter praticamente obrigado a ficar comigo.- anda para o meu quarto, podes dormir na minha cama.- disse, levantando-me.

-Eu gosto de te ver - brinquei com um sorri e voltei a abrir os olhos, eu podia estar com eles abertos mas já nem pensava. Abanei a cabeça deixando-me encostar a ela - deixa-me estar aqui, não preciso de ir para o teu quarto - murmurei com a voz arrastada num tom muito baixo. Suspirei agarrando-me ao seu pescoço e deitei-me sobre o seu peito sem qualquer intenção de ser malandro.

Limitei-me apenas a sorrir ao que ele disse, dava para reparar que estava demasiado cansado para continuar com qualquer conversa. Ia voltar a insistir em levá-lo para o quarto quando senti o seu corpo pender para cima do meu. A início fiquei algo surpreendida, mas logo sorri, deixando que se aninhasse em mim. Estiquei-me, puxando uma manta para cima do seu corpo e fiquei a deslizar os meus dedos pelo seu cabelo.
- Descansa Rayzinho.- disse num tom baixo.

Não sei por quanto tempo dormi, as únicas mudanças que tinham acontecido enquanto eu dormia era que as luzes estavam agora acesas e pela janela já não havia qualquer raio de sol. Tentei despertar devagar, para me começar a sentir e ver como estava, não queria fazer movimentos bruscos e desmaiar logo a seguir. Ainda me sentia cansado mas precisava de ir embora antes que voltasse a adormecer.
-Ainda estás sozinha? - perguntei num sussurro quando a sentir ao meu lado.

King ainda este adormecido durante algum tempo e eu, durante todo esse tempo, limitei-me a ficar junto dele, fazendo-lhe festinhas no cabelo. Passada uma meio hora depois de Ray ter adormecido, Mia e Lucas vieram para ao pé de nós, mas eu pedi-lhes que fossem brincar para outro sítio, para que não corressem o risco de o acordar. Quando comecei a sentir movimento, afastei-me apenas um pouco, ficando a olhar para ele.
- Os meus pais devem estar a chegar.- respondi-lhe depois de ter olhado para o relógio.- como te sentes?

Sentei-me direito no sofá ainda a tentar perceber como me sentia e apenas quando ela falou é que a minha dor de cabeça se intensificou fazendo-me fazer uma careta.
-Eu espero até eles chegarem - disse quase sem voz, sorri-lhe passando os dedos pela testa - bem - respondi - as pestes?

Mal vi a sua careta, percebi logo que ele não estava bem, e mesmo depois de ele me ter dito que estava, eu não me deixei convencer.
- Não estás nada.- disse logo, olhando para os seus dedos na sua testa.- queres um comprimido? - perguntei de sobrancelhas juntas, encolhendo depois os ombros quando me perguntou pelos meninos.- foram brincar para o jardim, eu pedi-lhes, para não te acordarem.

Deixei que os meus olhos revirassem com um sorriso e sorri-lhe negando com um abanão de cabeça.
-Não preciso de mais comprimidos, eu estou bem, a sério - agarrei-lhe na mão e dei-lhe um beijo na bochecha - não precisavas de os mandar para a rua, ainda por cima já é de noite - olhei para a janela mais uma vez e depois para a televisão.

Deixei que me agarrasse na mão, sentindo logo o quentinho da sua pele em contacto com a minha, e olhei-o, soltando um suspiro resignado.
- Pronto, está bem.- disse, encolhendo os meus ombros e virando a cara para retribuir o seu beijinho.- não faz mal.- respondi.- eles já devem estar quase a vir, também só foram para o jardim, eles sabem que não podem sair de casa.- sorri.- eu eduquei-os bem.- disse com um ar convencido.

Sorri encostando-me ao sofá e levei os meus olhos até à televisão que estava ligada, entretendo-me um pouco apesar de não estar com muita atenção, a minha garganta ardia e fazia-me confusão falar. Olhei-a quando ouvi o tom convencido dela e ri-me dando-lhe um pequeno empurrão com um sorriso.
-Os teus pais não se importam por eu estar aqui? - perguntei. Eu não queria deixa-la sozinha mas também não queria que tivesse problemas.

Soltei um risinho baixo quando senti o seu empurrão e dei-lhe um de volta, mas praticamente sem força, ele podia dizer que estava bem, mas eu não me deixava convencer e não queria correr o risco de o magoar. Olhei-o quando perguntou pelos meus pais e abanei a cabeça.
- Estás com medo de conhecer os teus sogros? - perguntei na brincadeira, deitando a cabeça sobre o sofá.- eles não se importam, não te preocupes.- descansei-o.- mas se quiseres ir podes ir.- disse.- eu fico bem com os meus irmãos.

Ri-me quando me lembrei da irmã de Sally e assenti com a cabeça.
-Eu acho que ainda é muito cedo para conhecer os meus sogros - brinquei. Sorri quando disse que eles não se importavam - não vou deixar-te sozinha, eu confio na minha nova namorada mas prefiro ser eu a ter o olho em cima de ti - brinquei piscando-lhe um olho com um sorriso. Fiquei meio pensativo durante uns segundos, mas lá a olhei - posso ter o teu número? - perguntei.

Soltei uma risada divertida com o que ele disse e foi a minha vez de me deitar em cima dele, ou melhor, com a cabeça no seu colo.
- Até parece que eu sou alguma criminosa.- queixei-me com um pequeno sorriso. Estiquei um dedo até lhe tocar no queixo e ri-me baixinho com a sua pergunta.- não.- respondi depois muito séria, mas logo voltei a sorrir.- é claro que podes, dá cá o teu telemóvel.- pedi.

-És uma criminosa suicida que prefere ter dores horriveis a tomar os comprimidos - brinquei passando os dedos pelo seu queixo quando encostou a cabeça às suas pernas. Sorri quando disse que não, ela estava a brincar, eu já a conhecia minimamente. Agarrei no meu telemóvel, dando-lhe - eu sabia que ias dar - disse com um sorriso - eu vou ligar para saber se estás bem.

Revirei os olhos com o exagero da sua frase e baixei a cara até lhe conseguir morder o dedo que me tocava no queixo.
- Eu não sou nada disso.- discordei.- só não achei que fosse necessário, eu não estava assim tão mal.- menti com um encolher de ombros. Agarrei no seu telemóvel quando o tirou do bolso e marquei o meu número, tirando depois uma foto a sorrir para por como foto de contacto.- aqui tens.- disse com um sorriso que logo desapareceu quando falou a seguir, quer dizer, não desapareceu por completo, mas foi acompanhado por um revirar de olhos.- e eu a pensar que me ias ligar para matar saudades.- abanei a cabeça.- afinal estás mesmo apanhadinho pela minha irmã.

Afastei o meu dedo com um sorriso quando ela mo mordeu e fechei os olhos durante um bocado, só os abrindo quando ela me mentiu com os dentes todos. Ri-me abanando a cabeça.
-Estavas pior que eu sua mentirosa - disse em tom de brincadeira para que não ficasse chateada e voltei a tocar-lhe no queixo. - e eu fiz radioterapia seguida de quimioterapia, a minha cabeça dói como se tivesse sido atingindo por um relâmpago. - passei os dedos pelo seu cabelo olhando-os enquanto o fazia e ela me dava o seu número. Ri-me dela quando a vi tirar a foto e voltei a guarda-lo. - Quando vires um número desconhecido a ligar-te ou a mandar-te mensagem já sabes quem é - disse olhando mais uma vez em volta. - Claro que estou, só namoro com as pessoas quando as amo - brinquei.

Mostrei-lhe um sorriso inocente quando ele me apanhou a mentir, mas apenas encolhi os ombros, nunca tinha sido meu preocupar as pessoas, costumava ser mais ao contrário.
- Mas eu estou bem, já passou.- mais ou menos, mas já não era nada comparado ao que tinha sentido durante todo o dia. Assenti com a cabeça quando disse que se me ligassem em desconhecido eu já sabia quem era e ri-me quando falou da minha irmã.- eu conheci-te primeiro, sinto-me trocada.- abanei a cabeça, fingindo uma cara triste.

Ao contrário da dela eu estava a ficar era pior, não era nada insuportável como já tinha visto, mas já tinha estado melhor. -Vou acreditar nisso - disse olhando para ela com um sorriso. Afaguei-lhe o cabelo com as minhas mãos e fiquei a olhar a televisão durante algum tempo, ouvindo-a falar depois. - Pensa pelo lado bom, és tu que tens o meu número - brinquei beijando-lhe a testa.

- E tu, estás melhor? - perguntei depois de ele ter dito que acreditava em mim.- olha que eu também sei ver quando é que mentes.- apontei-lhe um dedo, como que a avisá-lo. Fechei os olhos com um suspiro agradado ao sentir os seus dedos no meu cabelo e um sorriso foi esboçado pelos meus lábios depois de sentir o seu beijinho.- vendo as coisas desse ponto de vista, sinto-me bastante privilegiada.- ri-me baixinho, abrindo os olhos aos poucos, conseguindo dar-lhe um beijinho no nariz.- nem vou comentar isto com a minha irmã, ela ainda vira bicho.

Ri-me quando me ameaçou de saber quando eu estava a mentir e encostei a cabeça ao sofá, ficando com ela meia torta para assim conseguir ficar a olha-la.
-Já tive dias melhores, mas também já tive dias piores - encolhi os ombros não lhe dando ma resposta muito especifica. Sorri continuando a afagar-lhe os cabelos. - é melhor não, não a quero chateada comigo.

Fiz uma careta estranha com a sua resposta e fiquei a olhar para a sua cara com atenção.
- Tens a certeza que não queres um comprimido? - perguntei.- eu tenho uns que são capazes de te ajudar.- disse, deliciando-me com as suas festas e só abri os olhos quando falou da minha irmã.- ela não se chateia com ninguém sem ser o Lucas.- ri-me.- mas não te preocupes, podes contar comigo.- pisquei-lhe o olho e foi quando ouvi o som de uma porta a abrir.

Neguei com a cabeça à sua pergunta.
-Eu já tomo alguns, não sei se posso tomar mais - disse fechando os olhos apenas durante uns segundos - mas eu ia gostar que me oferecesses da tua água, nem que fosse da tua torneira - sorri engolindo em seco, literalmente em seco, tão em seco que doía. Sorri face à sua expressão de deliciamento por causa do que lhe estava a fazer ao cabelo e virei a cabeça para trás - são os teus pais? - perguntei baixinho.

Abanei a cabeça de forma afirmativa quando ele disse que não podia tomar mais comprimidos, se ele não podia eu não ia insistir, não queria pô-lo pior, muito pelo contrário. Olhei por cima do ombro para a porta quando o ouvi perguntar-me se eram os meus pais e voltei a assentir, levantando-me.
- São.- disse.- mas não te preocupes, eles são simpáticos, não precisas de fugir já a sete pés. - brinquei, vendo a minha mãe entrar na sala depois de me ter visto.
- Olá filhota.- revirei os olhos discretamente, por me tratar sempre daquela forma, mas aceitei o seu beijo na minha testa.- como correu o teu dia?
- Bem.- respondi, olhando depois para King.- este é o King, um amigo meu lá do hospital.- a minha mãe assentiu com um sorriso e aproximou-se para o cumprimentar.
- E meu namorado! - Mia interviu, correndo logo para ele mal chegou à sala e eu abanei a cabeça com outro revirar de olhos.
- Vou buscar a tua água.- disse-lhe, indo até à cozinha.

Ri-me da forma como falou para me dizer que não precisava de fugir a sete pés e estiquei-me até olhar para trás vendo a sua mãe aparecer. Sorri quando a tratou por filhota mas não me consegui não rir quando ela revirou os olhos. Virei-me mais uma vez par a senhora depois de Sally me ter apresentado e levantei-me devagar com um sorriso. - Boa noite - cumprimentei-a com dois beijos tal como ela e abanei a cabeça para que ela não fosse, olhando depois para Mia. Ri-me agarrando-a ao colo, ela não era pesada felizmente. - Não precisas de ir buscar, eu já estou a ir embora, agora já tens a tua mãe em casa - olhei para a senhora - ela estava com dores de cabeça - dirigi a Sally um sorriso inocente porque sabia que ela não gostava de preocupar as pessoas, mas isso por vezes podia ser algo mau.

Apenas ignorei quando King me disse que já não precisava do copo de água e segui para a cozinha, enchendo um. Agarrei-o, voltando para a sala e foi quando o ouvi dizer à minha mãe que estava com dores de cabeça, o que a fez virar-se logo para mim.
- Dores de cabeça? - perguntou já no seu tom de extrema preocupação.- o que se passa filha? - revirei os olhos, fulminando King com o olhar e voltei a olhar para ela depois.
- Não se passa nada mãe, foi só uma dor de cabeça.- descansei-a.- está aqui o teu copo de água, traidor.- estendi-o na sua direcção com uma cara resmungona, vendo Mia olhar-me da mesma forma, como que a punir.me por estar a olhar para o seu suposto namorado daquela forma.
- Não sei se acredito muito nisso.- disse a minha mãe.- se bem te conheço foi mais forte do que o que dizes ter sido.- encolheu os ombros, virando-se para Ray.- aceitas jantar connosco? É o mínimo que posso fazer depois de teres assegurado que a minha filha chegava a casa em segurança.- dirigiu-lhe um sorriso amável e apesar de estar meio aborrecida com ele, também fiquei entusiasmada com a ideia. Mas não tanto como Mia, claro.
- Sim sim sim! - guinchava ela.